Entrevista Swami Dayananda - Hindu Voice

Swami Dayananda Saraswati é um conhecido Swami da tradição Advaita-Vedanta. Sendo altamente eloquente em várias línguas, incluindo inglês, conseguiu tocar centenas de milhares de pessoas através dos seus escritos e discursos e liderança pessoal. Fundou o Arsha Vidya Gurukulam assim como algumas instituições de caridade por todo o mundo. Hindu Voice UK encontrou-se com Swamiji na sua recente [nt: ano 2006] viagem ao Reino Unido.

Hindu Voice: O que o levou a tornar-se Swami?

Swami Dayananda: Eu sempre tive alguma inclinação em relação à espiritualidade, mas o meu interesse cresceu significativamente após escutar uma palestra de Swami Chinmayananda, em Madras. Eu tinha cerca de 20 anos nessa altura, e era jornalista. Gradualmente estudei, cada vez mais, as escrituras e dirigi-me a diferentes professores espirituais para aprofundar o meu conhecimento, o que eventualmente me levou a tornar-me um Swami.

HV: Qual foi a reação da sua família?

SD: Apesar de eu ter antecedentes bastante tradicionais e religiosos, incluindo algum ensino básico Védico e de Sânscrito, a ideia de me tornar Swami não era muito palatável para eles. Eles gostavam que estivesse a estudar estes ensinamentos, mas estavam infelizes pela minha decisão de me tornar Swami. Eles sabiam que a vida de Swami é difícil, e não queriam que eu tomasse uma decisão precipitada. A outra preocupação que tinham era a perda dos meus rendimentos em casa.

HV: Qual é, na sua opinião, o ensinamento mais importante do Hinduísmo?

SD: Se eu tivesse que escolher um aspeto seria o ensinamento que Deus é a única realidade, que pode ser invocado através de qualquer nome ou forma. Toda a reverência ofertada com um coração puro é válida. Podem haver milhões de formas de reverência, oferecidas a qualquer nome ou forma à escolha. Esta é a visão universal do Hinduísmo. O Hinduísmo é uma religião muito profunda, não baseada em simples crenças. Deus é para ser entendido, não apenas aceite.

HV: O que acha acerca da direção que a Índia moderna está a tomar?

Economicamente, a Índia está a começar a dar-se bem. Mas, politicamente, a nossa direção é um assunto preocupante e com certeza que não é boa para [a nossa] cultura e tradição. Existem forças bem estabelecidas que estão a tentar subverter a unidade do país, tanto politica como culturalmente, que fizeram progressos consideráveis nos seus planos.

HV: A Índia está a tornar-se demasiado materialista?

SD: Nem por isso. À superfície, parece que os Hindus na Índia são agora muito materialistas e gananciosos. Mas, se olharmos para além da superfície, não é o caso. O valor da espiritualidade e dever está ainda muito vivo em todos os setores e faixas etárias da nossa sociedade. Mas toda a gente está empenhada em conseguir segurança material num mundo competitivo. Algumas gerações atrás, vivíamos numa sociedade onde todos sabiam exatamente o que iriam fazer mesmo antes de nascer. Tudo na vida estava definido. Não havia nada com que se preocupar, porque era um ambiente de zero-competitividade. Mas isso está a morrer. Agora, de repente, intensa competição foi introduzida nas vidas dos indianos. Toda a gente está a competir por empregos e recursos. É como devolver um gato domesticado à natureza.

HV: Na sua opinião, isso é positivo ou negativo?

SD: Não posso dizer que esta mudança seja boa ou má, mas é a realidade e não tem como voltar atrás.

HV: Tendo viajado significativamente fora da Índia, qual é a sua opinião em relação à sociedade ocidental?

SD: Eu não tenho nenhum problema com o Ocidente. Alcançaram muitas coisas. Mas atingiram uma fase de extremo materialismo e têm de enfrentar realidades austeras. Podemos ver a quantia de doenças psiquiátricas, depressão, etc prevalecentes no Ocidente, mesmo entre pessoas que são ricas em termos financeiros. A sabedoria da Índia antiga é a solução para tais problemas. A sociedade precisa aprender que a coisa mais importante é que uma pessoa tem de estar confortável consigo mesmo, e aprender quem realmente somos.

HV: Recentemente fundou 'Hindu Dharma Acarya Sabha'. Quais são os seus objetivos?

SD: É uma corporação para todos os líderes de antigas escolas Hindus, constituída como uma federação. Existem muitas questões que envolvem o Hinduísmo em que a liderança religiosa tem de tomar uma posição coletiva. Os acontecimentos recentes no templo Tirupati Balaji, em que o governo estadual de Andhra Pradesh liderado por um “Cristão renascido” tentou confiscar terrenos antigos do templo e vendê-los em leilão a grupos Cristãos foi uma chamada de alerta para nós. Conseguimos permanecer unidos, e agora o governo recuou.

HV: Alguns Hindus dizem que envolver-se (ou ter opiniões fortes) nos problemas e conflitos da sociedade, especialmente coisas como conversão religiosa, “não é espiritual”, e não é comportamento condizente para um Swami. Qual é a sua resposta a isso?

SD: Um sadhu não pode participar diretamente em atividades políticas. Eu posso, no entanto, oferecer orientação, como Vashista e Vyasa fizeram, se alguém procurar conselhos. Essa é a minha posição.

Neste momento, a sociedade Hindu está numa fase em que qualquer um pode ser chamado a fazer algo que não seja tradicionalmente prescrito para si. Por exemplo, as funções Kshatriya tradicionais da sociedade não estão a ser realizadas por pessoas de descendência Kshatriya e, nessas alturas, quem tiver uma inclinação natural para a função deverá fazê-lo.

HV: Na sua opinião, uma pessoa que não seja Hindu por nascimento pode tornar-se Hindu?

SD: Eu considero toda a gente Hindu até dizerem que não o são.

Tradução do Inglês por Gustavo Cunha, publicado em www.YogaVaidika.com com a permissão do autor. Retirado de www.hinduvoice.co.uk/Issues/8/Interview.htm. © Copyright 2006, Hindu Voice UK. Todos os Direitos Reservados. www.hinduvoice.co.uk. Este material não pode ser reproduzido em nenhuma forma ou vendido sem permissão escrita prévia de Hindu Voice UK.

Comentários

  1. querido amigo. Fico-te muito agradecido por estes posts que tens colocado, são muito bons e inspiradores... continua...

    ah, e os downloads altamente eheheh, tens mais kirtans do pedro? estão muito fixes...

    grande abraço e tudo de bom!

    harih om

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