Entrevista a Simão Monteiro

Yoga Vaidika: O que significa o Yoga para ti?

Simão Monteiro: Passados mais de 8 anos de prática e estudo constantes fica difícil, senão impossível, pensar na minha pessoa sem a associar ao Yoga. O Yoga está tão enraizado em mim que tudo o que faço na vida tem por detrás todo o ensinamento yogi que fui adquirindo ao longo do tempo. Para mim o Yoga é uma forma de viver, viver completamente, em consciência plena de cada pensamento e cada acção. É o caminho e ao mesmo tempo o fim, moksha, a libertação. Libertação das falsas ideias que possa ter sobre mim mesmo culminando no auto-conhecimento.

YV: Quais foram as lições mais importantes que o Yoga te ensinou?

SM: São tantas as lições… O Yoga transformou completamente a minha vida. Mudei a minha maneira de pensar, de agir, de me relacionar com os demais, comigo mesmo. O Yoga mostrou-me que a vida é mais que andar à caça de momentos passageiros buscando a felicidade. Ensinou-me e continua a ensinar que eu já sou livre e que tudo o que preciso é perceber isso. Todos os problemas nascem de mim e a solução está em mim também. A cada momento ensina-me a ser uma pessoa mais simples e objectiva em relação à vida e às pessoas e isso inclui desde o cultivo de valores fundamentais como a não-violência, a verdade, etc., até à aceitação e desapego.

YV: De todas as pessoas que conheceste na vida, qual foi a mais influente e porquê?

SM: Houve algumas pessoas que conheci na vida que me marcaram bastante, nomeadamente no caminho do Yoga. Mas se tiver que escolher uma essa escolha recai no professor Pedro Kupfer. O Pedro foi o ponto de viragem na minha prática e visão do Yoga. A sua simplicidade, conhecimento, humildade e a forma de passar o Yoga transformaram positivamente aquele que era um “adolescente yogi” num yogi mais maduro, centrado e consistente. Devo muito ao Pedro.

YV: Quem são as tuas atuais referências no estudo do Yoga?

SM: Como já referi atrás o prof Pedro Kupfer é uma grande referência para mim. Em Lisboa pratico com o Prof. Nuno Cabral e sempre que posso com o Prof. Miguel Homem do Porto, este ultimo um grande amigo por quem tenho uma grande admiração pela dedicação ao Yoga e Dharma. Lá fora os nomes de B.K.S Iyengar, Georg Feuerstein, Nisargadatta Maharaj, Desikachar são incontornáveis. Uma especial referência para o Swami Dayananda, mestre de Vedanta, que foi a pessoa que mais me impressionou dentro do Yoga, pelo conhecimento que tem, pela simplicidade e principalmente pela forma objectiva e clara como passa o ensinamento, um autêntico jivanmukta.

YV: Qual é, na tua opinião, a relevância do estudo dos Vedas?

SM: Bom, eu ainda me considero bastante verde em relação ao Yoga e sobretudo aos Vedas. Os Vedas são as escrituras mais antigas da humanidade e contêm um conhecimento inestimável, especialmente no que diz respeito ao Yoga. Eles são o berço do Yoga e neles encontramos o ensinamento na sua forma mais pura e autêntica. Penso que o estudo dos Vedas é incontornável para o praticante que queira ir fundo no Yoga, perceber o contexto onde nasceu e mais importante que tudo, retirar dos Vedas o ensinamento que o levará a conhecer-se a si mesmo e libertar-se da ignorância que o aprisiona.

YV: Como tem decorrido o estudo dos Yoga Sutras de Patañjali ministrado por ti?

SM: Tem sido uma agradável surpresa ver que as pessoas têm aderido a estes Sat Sangas de estudo e reflexão sobre os Yoga Sútras de Patañjali. Para mim tem sido muito enriquecedor pois leva-me a estudar e a aprofundar mais e sempre que ensino aprendo imenso. Ainda sinto que estou muito longe de uma compreensão profunda dos sútras mas tinha que começar por algum lado. E fi-lo principalmente porque sinto que o que mais falta hoje em dia no praticante de Yoga é a parte do ensinamento. Muita gente pratica as técnicas do Yoga mas falta-lhes o contexto, o ensinamento, e foi isso que me fez iniciar este grupo de estudos. Só espero não cometer demasiados erros nestes ensinamentos…

YV: De que forma o Yoga pode tornar o nosso mundo um lugar melhor?

SM: Sendo o Yoga um caminho para a pessoa conhecer-se a si mesmo e libertar-se do sofrimento, ao praticarmos Yoga tornamo-nos pessoas melhores, mais conscientes de nós mesmos e do que nos rodeia. Essa consciência traduz-se numa maior serenidade e paz nas nossas acções e isso influencia positivamente os que estão à nossa volta. Desde a ética que o Yoga nos ensina, passando pelo trabalho físico, energético, emocional, mental até ao fim último, a libertação, tudo isso contribui para crescermos como seres humanos, fornecendo-nos o conhecimento necessário e fundamental para vivermos plenamente. Se cada um fizer o seu “trabalho de casa” e cultivar a paz em si mesmo o mundo será um lugar de paz.

YV: Como descobriste a massagem thai-yoga?

SM: Há uns anos atrás ouvi falar desta massagem e assisti a uma demonstração e desde logo despertou o meu interesse. Mas só em 2007 procurei alguém para me ensinar, o terapeuta Atul Mulji. Gostei tanto da abordagem desta massagem, que integra muito da prática e filosofia yogi, que acabei por tirar o curso básico e avançado com o Atul em Lisboa. É uma bela forma de interagir com as pessoas e durante aquelas duas horas de massagem convida-me a estar num estado profundo de concentração. Quem recebe sente-se com mais energia e relaxado devido à grande amplitude de movimentos que são feitos e é recorrente a pessoa sentir-se mais serena e centrada após a massagem.

Simão Monteiro ensina Yoga na zona de Lisboa e ministra cursos por todo o país. Mais informações no seu blog em www.yogabindu.blogspot.com.

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