A infografia na cultura védica - Gustavo Cunha

Como professor de Yoga, há muito que nutro um fascínio pela cultura milenar sagrada da Índia, nomeadamente pelos seus símbolos visuais geométricos denominados Yantras, que representam formas do Absoluto e que são usados para meditação. Mas, a minha admiração não se fica apenas pelos Yantras, mas por toda a iconografia Hindu que está cheia de exemplos de cor, formas, interpretações visuais alegóricas e deslumbrantes que enchem e agarram a nossa visão. Até mesmo o próprio Sânscrito, a língua arcaica da civilização védica - berço do Yoga - e a sua forma atual de escrita denominada Devanāgarī, ou "escrita dos deuses" (देवनागरी), está imbuído de um apelo intrínseco e, também, visualmente apelativo, já que, ultrapassa em muito a sua missão de veicular uma mensagem, a mensagem da Realidade essencial e da verdadeira natureza do indivíduo, mas, vai ao ponto de embelezar esse ato e transmutá-lo para um acontecimento de realização e êxtase.

Outras formas infográficas usadas na Índia são os Kolam (na foto em cima, à esquerda), traçados geralmente geométricos feitos com pó de arroz colorido que se colocam nas portas de entrada de casas como símbolo de proteção. Aliás, a svastika Hindu é tida como uma um símbolo milenar bastante auspicioso colocado até (imagine-se!) à porta de templos e lojas de comércio, entre outros lugares, para atrair a boa sorte e situações favoráveis. Esse símbolo, ardilosamente utilizado pela Alemanha Nazi, é interpretado pelo Ocidente como uma monstruosidade e assim visto de uma forma bastante diferente do seu significado original que ainda perdura no Oriente e, quer em templo hindus quer em templos budistas, a svastika domina a paisagem e é reverenciada por quem a avista.

As mūrti, ou representações dos vários Deuses Hindus com formas humanas ou semi-humanas, são outra fonte de ensinamento simbólico que revelam nos seus traçados longas e complexas mensagens duma forma simples, para que o devoto possa criar um relação com o Absoluto ali representado, no qual ele se revê e identifica.

O praṇava OM, ou o símbolo do Absoluto é para os Hindus a representação de todo o Universo visível e não-visível, a Consciência base que o sustenta, a fonte de tudo e de todos, sempre presente, sem começo nem fim. O seu traçado, pejado de simbolismos e interpretações de mestres e estudiosos, é também usado para contemplação.

São infindáveis e preciosos os exemplos de utilização de infografia como veículo eficaz e natural ao Homem para a transmissão de ideias desta tradição. Este é mais um exemplo da modernidade e alcance da cultura milenar indiana.

Imagem de topo propriedade do autor, usada sob licença Creative Commons.

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