Bhaja Govindam - Lilian Gulmini

Tradução de Bhaja Govindam de Shankaracharya (excerto, apelidado de "dvadasa-manjarika-stotram") por Lilian Gulmini.

1- "Louva o Senhor, louva o Senhor;
ao Senhor louva, ó homem tolo!
Quando chegar perto a morte certa,
não poderá te salvar tua árdua tarefa.

2- "Ó tolo, mata, pois, a sede pelo alcance de opulência;
toma uma boa resolução: a saciedade da consciência.
A riqueza que obténs por tua própria ação,
esta, por isso, eleva tua condição.

3- "O umbigo de uma mulher, seu seio arredondado:
tendo-os visto, que não fiques atordoado.
A mudança dessa carne e sua decadência
devem ser ponderadas sem cessar na consciência.

4- "Como a água que cai na pétala de lótus, inconstante,
Assim é a vida do homem; só um instante.
Dilacerado pela doença, pelo orgulho envolvido
e golpeado pela tristeza; tal é o mundo reunido.

5- "Enquanto um homem se ocupa em adquirir propriedade
recebe do séquito de parentes afeto e celebridade.
Mas quando, no poente da vida, cambaleia num corpo caído,
quem na casa se importa com o velho esquecido?

6- "Enquanto no corpo o sopro da vida habita,
em sua casa sua saúde é sempre referida.
Mas quando é partido o alento e o corpo esquecido,
Até a esposa teme tocar no falecido.

7- "Quando criança, em passatempos ocupado;
quando jovem, com as jovens ocupado;
quando maduro, em mil pensamentos absorto;
mas no Brahman Supremo quem está absorto?

8- "Quem é tua amada, teu filho é quem?
É o encanto do samsara que te arrasta e te mantém.
Quem és? De onde vens? Qual tua propriedade?
Ó irmão, aqui neste mundo, pondera sobre a verdade.

9- "Na associação com os sábios cessa toda ânsia;
com o fim dos anseios morre a ignorância;
morta a ignorância, surge a verdade sem mudança;
nessa imutável verdade, ainda em vida, dá-se a liberação.

10- "Quando se vai o vigor, qual o prazer do apaixonado?
Com a estiagem que seca as águas, o que resta do lago?
Onde estão os parentes para o que já não tem propriedade?
Onde está o samsara para o que conhece a verdade?

11- "Não te ufanes da juventude, de tuas posses ou teu amigo;
a morte, num instante, tudo isso carrega consigo.
Livrando-te disso tudo, dos frutos de Maya, a Ilusão,
e alcançando o Brahman, terás a compreensão.

12- "Noite e dia, crepúsculo e aurora,
primavera e inverno, vêm e vão embora.
Passa a vida do homem, diverte-se a morte certa,
mas o vendaval de seus desejos não o liberta."

"Com este buquê de doze estrofes enumerado,
ao estudioso de gramática recitado,
foi ensinada a sabedoria profunda do que existe
pelos pés sagrados de Sankara, o Ilustre.”


Tradução por Lilian C. Gulmini.

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