A jornada ao cerne da compaixão - Svāmi Dayānanda

Svāmi Dayānanda Sarasvatī tem vindo a ensinar a sabedoria tradicional de Vedānta há mais de quatro décadas, na índia e por todo o mundo. O seu sucesso como professor é evidente através do sucesso dos seus alunos - mais de 100 são svāmis, e altamente respeitados como estudiosos e professores. Nesta palestra, Svāmi Dayānanda desvenda os caminhos paralelos de desenvolvimento pessoal e alcance à verdadeira compaixão. Ele caminha connosco em cada passo da auto-realização, desde a infância desamparada ao ato corajoso de cuidar dos outros. Leia no final mais sobre Svāmi Dayānanda.

Segue abaixo a transcrição da palestra "A jornada ao cerne da compaixão" por Svāmi Dayānanda disponível em Ted.com. Nota: o texto está escrito em língua Portuguesa do Brasil. Para visualizar o vídeo clique aqui.

"Uma criança nasce e por um longo tempo ela é dependente. Ela não é um contribuinte consciente. Ela é indefesa. Ela nem mesmo sabe como sobreviver embora ela seja dotada de um instinto de sobrevivência; ela necessita de uma mãe, ou uma mãe adotiva, para sobreviver. Ela não se pode dar ao luxo de duvidar da pessoa que cuida da criança. Ela tem que se entregar totalmente. Como alguém que se entrega a um anestesiologista.

Ela tem que se entregar totalmente. Isso implica em muita confiança. Isso implica que a pessoa confiada não viole esta confiança. Enquanto a criança cresce, ela começa a descobrir que aquela pessoa está violando a confiança. Ele nem mesmo conhece ainda o significado da palavra violação. Portanto, ela culpa a si mesma. Uma culpa sem palavras, o que é mais difícil de realmente resolver; Uma auto-culpa silenciosa.

Enquanto a criança cresce e torna-se um adulto. Até agora, ela tem sido uma dependente, mas o crescimento de um ser humano, reside na sua capacidade de contribuir, de ser um contribuidor. Não se pode contribuir a menos que a pessoa se sinta segura, se sinta um adulto. Que sinta: eu tenho o suficiente.

Ser compassivo não é uma piada. Isto não é simples. Há de se descobrir uma certa grandeza em si mesmo. Essa grandeza precisa ser centrada em si mesmo, não em termos de dinheiro, nem em termos do poder que exercem, ou em termos do status que você tenha na sociedade, mas deve ser centrado em si mesmo. Você ter o auto conhecimento. Deve ser centralizado, na grandeza, na totalidade, caso contrário, a compaixão é apenas uma palavra e um sonho.

Você pode ser compassivo, ocasionalmente, mais movido pela empatia do que pela compaixão. Graças a Deus nós somos empáticos. Quando alguém está sofrendo, nós sentimos essa dor.

Numa partida em Winbledon, uma final, dois caras lutam pela vitória; cada um tem a sua estratégia. Este é um jogo decisivo. O que eles suaram até agora não tem nenhum significado. Uma pessoa ganha. A etiqueta do tênis diz que ambos os jogadores têm de subir à rede e apertar as mãos. O vencedor salta no ar e beija o chão, joga sua camiseta como se alguém estivesse esperando por isto. E esse cara precisa vir à rede. Quando ele chega à rede, você vê seu rosto mudar completamente. Parece que ele desejava não ter ganhado. Por quê? Empatia.

Assim é o coração humano. Nenhum coração humano é capaz de negar esta empatia. Nenhuma religião pode destruir isso com doutrinação. Nenhuma cultura, nenhuma nação, e nem o nacionalismo, nada pode mudar isso porque isso é a empatia. E essa capacidade de ter empatia, é a janela através da qual você toca as pessoas, você faz a diferença na vida de alguém. Não há palavras, ou momento ideal.

A compaixão não tem receita. A compaixão não é indiana. A compaixão não é americana. Ela transcende nações, sexo, idade. Por quê? Porque ela está em todo mundo. É experimentada por pessoas ocasionalmente.

Então não estamos falando dessa compaixão ocasional. Ela não pode se manter ocasional. Não se pode fazer uma pessoa compassiva. Você não pode dizer: "Por favor me ame." O amor é algo que você descobre. Não se trata de uma ação, mas no idioma Inglês, ela é também uma ação. Eu voltarei a isso mais tarde.

Portanto, é preciso descobrir uma certa plenitude. Vou citar a possibilidade de ser inteiro, que está dentro de nossa experiência, da experiência de todos. Apesar de ter uma vida muito trágica, alguém é feliz em momentos que são raros ou distantes entre si. E quem está feliz, mesmo vivendo uma comédia pastelão, aceita-se, e também a situação em que se encontra.

Isso significa todo o universo; todas as coisas conhecidas e desconhecidas. Todos eles são totalmente aceitos porque você descobriu a plenitude em si mesmo. O sujeito, eu, e o objeto, no esquema das coisas, fundem-se em unidade. Uma experiência que ninguém pode dizer que lhe foi negada, uma experiência comum a toda a gente.

Essa experiência confirma que, apesar de todas as suas limitações, todas as suas vontades, desejos insatisfeitos, e os cartões de crédito, e demissões, e, finalmente, a calvície, Você pode ser feliz. Mas a extensão da lógica disto é que você não precisa cumprir o seu desejo para ser feliz. Você é a própria felicidade, a plenitude que deseja ser.

Não há escolha nesta matéria. Isso só confirma a realidade que a totalidade não pode se separar de você, não pode ser menos você. Tem que ser você. Você não pode ser uma parte da totalidade e ainda ser inteiro. Seu momento de felicidade revela essa realidade, essa realização, esse reconhecimento. Talvez eu seja o todo. Talvez o Swami esteja certo.

Talvez o Svāmi esteja certo. Você começa sua nova vida. Então, tudo se torna claro. Não tenho mais razão para me culpar. Se alguém culpa a si mesmo, tem um milhão de motivos além destes, mas se eu disser que, apesar do meu corpo ser limitado, se ele é preto, não é branco, se é branco, não é preto. O corpo é limitado de qualquer maneira que você olha para ele. (Totalmente) Limitado.

Seu conhecimento é limitado, a saúde é limitada, e a potência é limitada, por conseguinte, e a alegria vai ser limitada. Compaixão vai ser limitada. Tudo vai ser ilimitado. Você não pode comandar a compaixão a menos que você se torne ilimitado, e ninguém pode ser ilimitado, Ou você é ou você não é. Ponto final. E não há maneira de não ser ilimitado também.

Sua própria experiência revela, apesar de todas as limitações, você é o todo. E a totalidade é a sua realidade quando você se relaciona com o mundo. É o primeiro amor. Quando você se relaciona com o mundo, a manifestação dinâmica da totalidade é, aquilo que chamamos amor. E isto se torna compaixão se o objeto com que você se relaciona evoca essa emoção. Então isto novamente se transforma em doação, em partilha. Você se expressa porque você tem compaixão.

Para descobrir a compaixão, você precisa ser compassivo. Para descobrir a capacidade de dar e compartilhar, você precisa dar e compartilhar. Não há nenhum atalho. É como nadar numa piscina. Você aprende a nadar, nadando. Você não pode aprender a nadar em um colchão de espuma e (em seguida) entrar na água. Você aprende a nadar, nadando. Você aprende a andar de bicicleta, andado de bicicleta. Você aprende a cozinhar, cozinhando, tendo algumas pessoas simpáticas em torno de você para comer o que você cozinha.

E, portanto, o que eu digo, você tem que fingir que sabe fazer. Você precisa. Meu antecessor falava isso. Você tem que fingir. Você tem que agir com compaixão.

Não há verbo para a compaixão, mas você tem um advérbio para a compaixão. Isso é interessante para mim. Você age com compaixão. Mas então, como agir com compaixão, se você não tem compaixão? Aqui é onde você finge. Você finge e torna-se. Este é o mantra dos Estados Unidos da América.

Você finge e se transforma. Você age com compaixão como se você tivesse compaixão, trave os dentes, use todo o tipo de apoio; se você sabe rezar, reze. Peça para ter a compaixão. Permita-se agir com compaixão. Faça isso. Você vai descobrir a compaixão e também lentamente certa compaixão, e lentamente, talvez se você receber o ensinamento correto, você vai descobrir a compaixão é uma manifestação dinâmica da realidade de si mesmo, que é unidade, integridade, e é isto o que você é.

Encerro com estas palavras, muito obrigado."


Na comunidade Hindu, Svāmi Dayānanda Sarasvatī trabalhou para criar harmonia, tendo fundado a Hindu Dharma Ācārya Sabhā, onde dirigentes de diferentes sectores se podem juntar e aprender uns com os outros. Na extensa comunidade religiosa, fez grandes avanços para a cooperação, tendo convocado o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.

No entanto, o trabalho de Svāmi Dayānanda não se limita à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva. Desde 2000, AIM tem vindo a prestar assistência médica, educação, comida e infraestruturas às pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia. Tendo ele mesmo nascido numa pequena e rural aldeia, Svāmi Dayānanda percebeu os desafios particulares no acesso à ajuda enfrentados por aqueles que vivem fora das cidades. Hoje em dia, AIM for Seva estima que tenham ajudado mais de dois milhões de pessoas em necessidade.

Transcrição retirada de Ted.com e publicada em YogaVaidika.com sob licença Creative Commons.

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