Shri Aurobindo - O Guia do Yoga

Não é indesejável para o mental tornar-se silencioso, estar livre de todo o pensamento e imóvel, porque, na maior parte das vezes que o mental cai no silêncio, produz-se a completa descida de uma vasta paz vinda de cima e, nesta vasta tranquilidade, a realização do Self silencioso que é superior ao mental por todo o lado estendido na sua imensidão.

Somente, desde que há paz e silêncio mental, o vital do mental tenta precipitar-se para ocupar o lugar ou, então, o mental mecânico esforça-se com o mesmo objectivo em impor o seu circuito de pensamento habitual e trivial.

O sadhaka (praticante) deve ter o cuidado de rejeitar e de fazer calar estes intrusos a fim de que, ao menos durante a meditação, a paz e a quietude do mental e do vital sejam completas. O melhor meio de o fazer é manter uma vontade forte e silenciosa. Esta vontade é aquela do Purusha por detrás do mental; quando o mental está em paz, quando ele está silencioso, uma pessoa pode tornar-se consciente do Purusha, ele também silencioso e separado da acção da natureza.

Ser calmo, firme, edificado no espírito, dhira sthira, ter esta quietude do mental, esta separação do Purusha interior e da Prakriti exterior, isto é muito útil, mesmo indispensável. Não se pode estar assim calmo e fixado no espírito enquanto o Ser for submetido ao turbilhão de pensamentos ou ao tumulto dos movimentos vitais. Desligar-se, retirar-se, senti-los separados de si é indispensável.

Para descobrir a verdadeira individualidade e erigi-la na natureza, duas coisas são necessárias; primeiro, a consciência do seu próprio ser psíquico por detrás do coração, e em seguida, esta separação do Purusha e da Prakriti. Porque o verdadeiro indivíduo está por detrás, velado pelas actividades da natureza terrestre.


Traduzido por Teresa Ribeiro, Maio, 2014.

Bibliografia:
(Capítulo primeiro: Les bases du Yoga: Calme – Paix – Équanimité)
Shri Aurobindo, “Le Guide du Yoga”, Ed. Spiritualités vivantes, Albin Michel, pp.29-30, 2007.

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